Manihot glaziovii MUELL. ARG.
Figura 1.
A maniçoba é uma árvore mais ou menos comum na serra da Reserva. Existe também na planície, mas com menor frequência. A planta da foto é o maior exemplar que eu vi aqui, com um diâmetro de 45cm (DAP) e uma altura de 18 metros ou mais. [ Em uma versão anterior desta página, escrevi "altura de 12(?) metros ou mais". Contudo, durante outra inspeção no dia 17/4/2021 eu realizei que este indivíduo é bem mais alto, confirmando Braga 1976: "MANIÇOBA DO CEARÀ.. Árvore até 20 m. de altura.."(p. 351/352). ] Veja também as fig. 2 e fig. 3 com outras fotos do mesmo indivíduo.A espécie é Manihot glaziovii (= Manihot carthaginensis subsp. glaziovii), popularmente conhecida como maniçoba e antigamente usada na produção da borracha do Ceará (Müller 1874, Pax 1910). Ela tem até um nome inglês: "Ceara Rubber Tree", traduzido "Seringueira do Ceará".
Schery enfatiza como o tamanho da árvore pode variar com as condições do meio ambiente. "M. glaziovii Muell-Arg. This is the largest of the maniçobas in favorable environments, some-times attaining diameters of 75 cm. d.b.h... The trees attain their most luxuriant proportions in the comparatively moist Baturité and Maranguape serras just south of Fortaleza, Ceará. Very different in dimension but presumably of the same species, are the small spindly trees of the rocky, dry bases of the serras near São Francisco and Sobral.." (Schery 1949, p. 246). "São Francisco" é hoje Itapajé.
Além de fornecer a materia prima da borracha, a maniçoba tinha outras utilidades. "..Madeira leve e porosa, para caixotaria e tamancos. Fôlhas e extremidades verdes forraginosas. As raspas das raizes secas ao sol constituem excelente alimento para o gado, especialmente leiteiro.." (Braga 1976, p. 351/352). Mas isso foi no passado. Eu acredito que hoje, os nordestinos não usam mais a maniçoba, e muitos jovens nem a conhecem. Bom para a espécie, que, desta maneira, não corre risco de extinção, muito pelo contrário: A maniçoba é comum no Ceará e pode ser visto na Caatinga, nas serras e até na vegetação do litoral.
As fotos mostradas nesta página são de vários indivíduos
de Manihot glaziovii:
Figs. 1-3: árvore grande no vale das Gameleiras;
Fig. 4: árvore da planície;
Fig. 5: árvore do alto da serra.
Figura 3.
Folhas da copa do indivíduo da fig. 1 e da fig. 2. A foto foi batida com uma teleobjetiva 200mm. As folhas têm formas variadas, mas são geralmente 3-5-lobadas (às vezes inteiras ou 7-lobadas) e quase sempre peltadas. Segundo alguns autores, esta última característica é importante para a determinação da espécie e para delimitá-la contra M. carthagenensis (Pax 1910).Figura 4.
Folhas da copa de outro exemplar de M. glaziovii, com DAP de cerca de 14cm, esta vez da planície da Reserva. A foto foi batida com uma teleobjetiva 200mm. As folhas são geralmente peltadas, e eu notei a mesma coisa com as outras maniçobas arbóreas encontradas na Reserva.Perto do angico grande na trilha para o oacoq. A 10m da trilha.
Figura 5.
Folhas da copa de mais outro exemplar de M. glaziovii, esta vez do alto da serra da Reserva. O DAP deste indivíduo foi 12cm e a altura 8-9m. Usei uma teleobjetiva 200mm. Neste caso também, as folhas foram geralmente peltadas.S 03d 51m 25.5 / W 039d 27m 38.5, não muito longe da Gameleira Torta.
Figura 6.
Literatura consultada
Freire Allemão 1862, p. CXV
Braga 1976, p. 351
Lorenzi 2016, p. 118
Müller 1874, p. 446 (glaziovii), p. 481 (carthaginensis)
Pax 1910, p. 81 (carthaginensis), pp. 89ff. (glaziovii)
Rogers & Appan 1973