Reserva Mãe-da-Lua
A nossa RPPN é situada no município de Itapajé no Ceará, à 120 km de Fortaleza. Inclui uma grande parte dos lados este e norte da Serra das Vertentes (aproximadamente 400 hectares da reserva) e planície no sul da serra (360 hectares). Veja fig. 1.A elevação máxima da serra é 650-700 metros.
Até o início da década de 70, em grandes partes da propriedade havia plantações de algodão. Estas plantações cobriram a planície e os declives de fácil acesso na serra, porém, não atingiram as partes mais altas da serra, nem as áreas onde escarpas impossibilitaram a agricultura. Em cima de um dos serrotes tinha um bananal, que foi abandonado há décadas.
A partir dos anos 70, a fazenda foi usada para criar gado em pasto nativo (Caatinga secundária) e para agricultura de subsistência, com cortes de madeira e queimadas. As áreas de difícil acesso e algumas das antigas áreas de algodão ficaram sem mais interferência.
A Associação Mãe-da-Lua, uma entidade sem fins lucrativos, comprou o terreno em 2006 e o transformou em uma reserva ecológica. Flora e fauna são agora protegidas e a caça é proibida. Desde 2009, a reserva é oficialmente reconhecida como RPPN, pela Portaria 58, do 29 de Julho de 2009, ICMBio, Ministério do Meio Ambiente.
A flora da reserva é variada. Em geral, as áreas de difícil acesso são as melhor preservadas. Numa parte da serra, a mata está crescendo sem distúrbios, desde 30-40 anos. Há até áreas onde a mata nunca foi cortada, porém, pelo menos em parte, estas sofreram incêndios.
Os principais tipos de vegetação na serra são:
- Mata tropical seca, mais ou menos bem preservada, com rica biodiversidade. Em algumas áreas, até as árvores velhas não excedem 2-4 metros de altura (fig. 2A). Em outras áreas, as árvores são bem mais altas e grossas (fig. 2B).
(A) Mata seca madura numa área rochosa, na serra da RPPN Mãe-da-Lua. As árvores têm somente 2-4 metros de altura.
(B) A mais grossa embiratanha na serra da RPPN Mãe-da-Lua.
- Mata subúmida madura, pelo menos em parte secundária, geralmente chamada "mata fresca". Cobre uma área de 5-7 hectares no alto da serra, numa elevação de 600 metros ou mais. Nesta mata, as árvores são altas, grossas, e cobertas por lianas e epífitas (fig. 3). Em todo lugar se vê "barba-do-velho" pendurada nos galhos. A "mata fresca" é parecida com mata atlântica, e acredito que seja classificada como tal pela legislação ambiental.
- Caatinga arbórea secundária, especialmente nos vales e nas encostas mais baixas. Aqui, a espécie de árvore mais comum é o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth). Também, áreas destruídas por queimadas e incêndios mais recentemente.
A vegetação dominante na planície é Caatinga arbórea secundária em vários estágios de regeneração e recuperação (fig. 4). Há área extensas com alta biodiversidade, que parecem ter crescido sem interferência desde há 40-50 anos ou mais. Outras áreas são menos preservadas.